O sistema de embreagem, responsável por desacoplar o motor da transmissão para a troca de marchas, é um dos itens de desgaste natural de um veículo – ou seja, apresenta durabilidade limitada e seus componentes devem ser substituídos ao atingirem o fim da vida útil.
O prazo médio para a troca é de 60 mil km, mas pode variar para baixo ou para cima, dependendo do modelo de automóvel e, principalmente, do motorista. Isso porque alguns hábitos comuns ao volante podem acelerar consideravelmente a degradação da embreagem. “Muitas pessoas não sabem usar, até motoristas experientes”, diz Everton Lopes, mentor de tecnologia da SAE Brasil.
De acordo com o especialista, a embreagem é formada basicamente por um conjunto de disco e platô. É por meio do disco que é possível transmitir o torque do motor para as rodas, utilizando atrito.
Quando essas peças pedem substituição, os sinais são evidentes, de acordo com Lopes: pedal muito baixo e/ou duro demais; vibrações ao soltar o pedal; e dificuldade no engate de marchas. Para cuidar bem da embreagem e fazê-la durar mais, há cinco práticas que você deve evitar. Confira:
1 – Dirigir com o pé apoiado no pedal
Segundo Lopes, o pedal de embreagem deve ser acionado, até o fim do curso, apenas ao trocar de marcha. O costume de deixar o pé apoiado no pedal, por menos que seja, causa desgaste acentuado de todo o sistema – afirma o engenheiro. “Mesmo ao pressionar levemente o pedal, não há atrito total entre o disco e o platô. Com isso, o disco ‘escorrega’, causando um efeito semelhante ao de uma lixa. Isso também força desnecessariamente as molas de pressão do sistema”, explica.
2 – ‘Segurar’ o carro com a embreagem
Dosar os pedais da embreagem e do acelerador em um aclive de forma a manter o veículo parado é uma prática que requer habilidade. No entanto, se você faz isso com frequência, pode ir preparando o bolso. “Nesse caso, há um escorregamento severo no contato do platô com o disco e isso provoca um desgaste bastante prematuro, reduzindo sensivelmente a vida útil desses componentes”, alerta Everton Lopes. O ideal, recomenda, é usar o freio de mão na subida antes de arrancar com o veículo. “Fazer assim não apenas poupa os componentes da embreagem como traz mais segurança”.
3 – Rodar com marcha muito alta
Tem motorista que faz de tudo para poupar combustível e, sempre que pode, coloca uma marcha mais alta, para reduzir a rotação do motor – acreditando que, assim, vai reduzir o consumo. A questão é que, se a marcha utilizada for incompatível com a velocidade, as rotações ficam baixas demais, forçando – e muito – o sistema de embreagem. “Essa prática gera um carregamento muito grande no sistema de embreagem, submetido a um torque excessivo sem necessidade. Isso também força a transmissão e o próprio motor, que pode apresentar pré-ignição e sofrer danos. Isso também eleva o consumo, ao contrário do que alguns podem pensar”, pontua o especialista. O ideal, diz, é usar a marcha correta, mantendo os giros entre 2.000 rpm e 3.000 rpm.
4 – Deixar o carro engatado ao parar no semáforo
Outro costume danoso é manter o pé no pedal de embreagem, com o motor ligado e o câmbio engrenado, ao parar em um semáforo ou em um congestionamento. Segundo Lopes, se você pisar o pedal até o fundo, disco e platô não serão afetados; porém outros componentes acabam sofrendo com o hábito. “Fazendo assim, força-se molas, rolamentos e outras peças sem necessidade”. O correto, orienta, é colocar o câmbio em ponto-morto e acionar o freio e só engrenar o veículo quando chegar a hora de se movimentar novamente. Não por acaso, veículos equipados com câmbio manual e sistema start-stop desligam o motor ao pisar no pedal da embreagem – e o religam ao pressioná-lo novamente.
5 – Rodar com excesso de carga
Essa dica vale principalmente para aqueles que dirigem veículos utilitários, como picapes, furgões, vans e caminhões, mas também pode ser aplicada para carros de passeio. O engenheiro da SAE Brasil orienta a consultar o manual e nunca exceder o limite de carga nele indicado. “Carga acima do recomendado pela montadora gera excesso de torque no sistema de embreagem, sobretudo ao tirar o veículo da inércia. Peso demais também compromete a suspensão e os pneus”.
Fonte: UOL