Além do valor financiado ou à vista, é preciso avaliar as despesas extras que pesam no bolso
Antes de comprar um automóvel, é preciso saber de antemão que ele custará bem mais que o preço pago ao vendedor. Seja um veículo novo ou usado, financiado ou à vista, pesam no bolso vários custos adicionais para seu uso e manutenção. É aconselhável conhecê-los antes de comprar.
Além de gasolina, estacionamento, seguro e outras despesas, é preciso considerar a depreciação do bem dentro dos itens de custo, já que ele desvaloriza a partir do momento em que é retirado da loja. A depreciação média dos veículos populares fica em torno de 10% ao ano, segundo o consultor financeiro da Academia do Dinheiro, Mauro Calil.
O custo de oportunidade (confira acima na calculadora) é outro fator para avaliar o quanto você acumularia em uma aplicação financeira como a poupança – que possui rendimento médio estimado de 0,5% ao mês – se tivesse optado por investir em vez de adquirir o carro.
Já o custo médio para rodar 45 quilômetros por dia com gasolina, durante 36 meses, é de R$ 10,3 mil, ainda segundo a fundação. Enquanto isso, as despesas com lavagens do carro podem chegar a R$ 1,35 mil no mesmo período, considerando uma média de 15 lavagens por ano (45 no total), ao custo de R$ 30 cada (preço cobrado em regiões metropolitanas como São Paulo).
O preço do seguro também deve ser avaliado antes da compra do carro. Alguns modelos são bem mais onerosos do que outros. O mais caro entre os dez modelos mais vendidos é o Gol, que em três anos pode custar R$ 6,77 mil (ou 2,25 mil por ano), quase 18% de seu valor. O preço médio dos seguros dos outros veículos para o triênio é de R$ 4,4 mil, de acordo com o estudo da Proteste.
Antes de adquirir o automóvel, já é possível calcular o quanto você pagará de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). O tributo corresponde a aproximadamente 4% do valor de mercado de automóveis comuns. Para picapes como o Fiat Strada, o imposto é de 2%. Revisões programadas também podem onerar o proprietário: as despesas podem passar de R$ 5 mil em três anos, de acordo com o levantamento da fundação.
Se o carro for seminovo ou usado, os cuidados antes de adquiri-lo devem ser redobrados para evitar gastos imprevistos. Mesmo com preços mais em conta do que os automóveis 0 km e com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) mantida pelo governo, há itens que, se desconsiderados, podem pesar ainda mais no orçamento. Há pelo menos cinco cuidados antes de adquirir um veículo deste perfil, como orienta o diretor de operações da Arval , subsidiária do Banco BNP Paribas, Rodrigo Amaral:
Conservação – Para 92% dos consumidores, a conservação do veículo é um fator muito importante, segundo estudo do Mercado Livre Classificados, em parceria com a Oh!Panel. Mas são muitas as dúvidas sobre como avaliar o estado do carro. “A melhor saída é verificar o histórico de manutenção no manual. Isso vai indicar também se a quilometragem é real ou se está adulterada. A inexistência do manual já é um item de suspeita”, explica Amaral. Também é aconselhável analisar com cautela a pintura, o alinhamento da carroceria e o encaixe interno entre as partes da estrutura para perceber se o veículo sofreu reparo de uma colisão.
Canal de revenda – Os meios de comercialização são diversos: classificados, concessionárias, lojas físicas e online. Ao escolher, deve-se optar por uma loja tradicional, que oferece garantias por lei. “Não é necessário que seja de marca, mas deve ter tradição e referências. Indicações de um parente ou amigo que já compraram ajudam”, aponta o executivo.
Preços – A tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) costuma ser a mais utilizada como parâmetro para pesquisa de valores do veículo. Amaral aconselha também a consultar sites que ofereçam veículos anunciados por lojistas, “o que significa que os preços são mais próximos e fiéis ao mercado”, diz.
Custos visíveis e invisíveis – Para não ter surpresas, além do valor do financiamento (custo visível), o comprador deve calcular que cada modelo possui valores diferentes para os chamados “custos invisíveis” (confira na calculadora). Neles estão inclusos fatores como seguro, consumo de combustível, manutenções (como a revisão dos 60 mil km, que costuma ser cara), manutenções corretivas (desgastes por uso), os pneus, as previsão de desvalorização do veículo, o licenciamento e o IPVA. Amaral alerta também para as multas não pagas pelo proprietário anterior. “Deve-se ter certeza de que esse tipo de surpresa será coberta pelo vendedor”.
Modelos mais baratos – Para o executivo da Arval, não existe “almoço grátis” quando se trata de carro. “São mais baratos os modelos que desvalorizam mais rapidamente, e desvalorizam mais depressa, muitas vezes, aqueles que têm manutenção mais cara”.
Fonte: Revista Brasil Econômico.