Até não muito tempo atrás, carros com câmbio automático eram exceção no mercado brasileiro. Eram poucos modelos com essa opção de equipamento, sendo que pequena parcela saía da linha de produção com esse tipo de câmbio, destinado a um público específico. Câmbio automático, no Brasil, era coisa de motorista com alguma dificuldade física ou idade avançada.
Com a abertura aos modelos importados, nos anos 1990, aos poucos os câmbios automáticos foram se popularizando, enquanto o consumidor perdeu o preconceito. Ficou claro para os compradores que é bem mais fácil guiar um carro assim, mais confortável em situação de trânsito pesado.
No mercado atual, vemos uma tendência irreversível a favor dos automáticos. Algumas categorias nem oferecem mais a opção do câmbio manual.
Diante disso, o segmento de usados tem recebido cada vez mais veículos com câmbio automático. Se antes os motoristas tinham medo de comprar usados automáticos por conta de um possível custo de manutenção elevado, a grande variedade de modelos e a boa reputação de robustez que eles têm alcançado atualmente, faz com que a demanda só aumente.
Cuidados ao comprar carro automático
Quando você estiver diante de um carro usado com câmbio automático, vale a pena seguir alguns passos para poder fazer um bom negócio.
A primeira coisa é saber se o carro já passou por algum tipo de manutenção. Se for um carro com baixa quilometragem, é bem provável que nada tenha sido feito, mas se for o carro for um pouco mais rodado, é preciso saber se foi feito a troca do fluido da transmissão. Na dúvida sobre qual é o intervalo de troca indicado para o carro que está sendo avaliado, consulte o manual do proprietário.
O próximo passo é puxar a vareta de medição desse fluido, que é semelhante à vareta de medição do óleo do motor. Ali é preciso observar o nível e a coloração do fluido, que não pode estar escuro e nem com sinais de componentes metálicos.
Ao ligar o carro, verifique se aparece alguma anomalia no painel que recomende alguma manutenção no câmbio. Se isso acontecer, descarte o carro.
Para finalizar, dois testes, um com o carro parado e outro com ele andando. No primeiro, ligue o carro e coloque o câmbio na posição D. Com o pé esquerdo no freio, acelere o carro lentamente e observe o conta-giros no painel. A rotação não pode subir muito, tem que ficar no máximo dentro de 2.000 ou 3.000 rpm. Se passar disso, é sinal que o câmbio está patinando e deve ser descartado.
No segundo teste, observe as trocas de marchas, que devem ser feitas de maneira suave e imperceptível. Apenas o som do motor e o ponteiro do conta-giros podem acusar que a troca está sendo feita. Caso tenha algum tranco, verifique com um mecânico se não é um simples coxim de sustentação do câmbio que pode estar transmitindo essa sensação. Caso não seja isso, é porque tem algo de errado na parte interna e a compra deverá ser descartada.
Tipos de câmbios automáticos
O mais tradicional é o automático com conversor de torque. Esse tipo de câmbio já está consagrado no mercado e são extremamente confiáveis. Quando há questões de problemas crônicos, são facilmente identificados em pesquisas na internet.
Um segundo tipo é o CVT (transmissão com relação continuamente variável), que tem-se popularizado em vários modelos. A vantagem em relação ao automático tradicional é que não existem marchas, mas sim uma relação mínima e máxima que varia de forma contínua. Nesse caso, a suavidade é ainda mais perceptível. Porém, quem não está acostumado com esse tipo de câmbio, não gosta da maneira como o carro ganha velocidade, já que o motor grita mais em acelerações.
Um terceiro tipo, na verdade nem é automático de fato. São os câmbios de embreagem robotizada, ou automatizados, com uma ou duas embreagens. Como nos automáticos, não há pedal de embreagem e as trocas são feitas sem a interferência do motorista. A diferença é que a caixa de câmbio é a igual a de um carro com câmbio manual, mas com componentes eletro-hidráulicos que fazem as trocas.
As desvantagens dos mono-embreagem são que as trocas são bem mais perceptíveis e, muitas vezes, acompanhadas de trancos. Nos de dupla embreagem, esse tranco não existe, inclusive é possível que elas sejam feitas de maneira muito rápida, portanto é a favorita dos carros de luxo ou esportivos. A vantagens dos automatizados é que, por não ter conversor de torque, o consumo de combustível é mais baixo.
Dicas para usar o câmbio automático
Muitos motoristas jamais guiaram um carro com câmbio automático e acham que aquelas letras são coisas de outro mundo. Mas é tudo muito simples. “P” (Parking, posição para o estacionamento) é usada com o carro estacionado; “R” é a marcha ré; “N” (Neutro) é o ponto morto; e “D” (“Drive”) é a posição usada para dirigir. Outras posições são para freio motor ou opção de trocas manuais, mas não existe um padrão, por isso vale a pena consultar o manual do carro para entender o funcionamento.
A primeira dica é, quando estiver manobrando o carro, nunca passar de “R” para “D” ou de “D” para “R” com ele em movimento. Diferente dos câmbios manuais, o automático não tolera isso, portanto sempre que for mudar o sentido do carro, pise no freio, pare ele totalmente, antes de mudar a posição do câmbio.
A segunda dica é para quando for estacionar o carro em ladeira. Nesse caso, eu recomendo que coloque em “N”, acione o freio de estacionamento, tire o pé do freio, e só depois coloque em “P”. Parece complicado, mas é muito simples de entender. Se colocar direto em “P” e só depois tirar o pé do freio, o peso do carro vai forçar o câmbio que já estará travado. Quando for sair com ele novamente, o tranco para sair do “P” será inevitável. Essa operação é importante para a saúde do câmbio ao longo do tempo. Claro, se o manual do fabricantes indicar algo diferente, siga o manual sempre.
A terceira dica é que não compensa usar o ponto morto com o carro parado. Percebo que muitos motoristas tem esse vício em ficar mudando a alavanca de “N” para “D” num trânsito de anda e para. Apesar de não prejudicar em nada o câmbio, é uma ação completamente desnecessária e que tira um dos benefícios desse tipo de câmbio que é o conforto em não ter que ficar mudando as marchas. Pode deixar direto em “D”, pois o câmbio foi feito para isso e não vai ter problemas de uso contínuo nessa posição. Quem defende que o consumo de combustível é menor em “N”, está coberto de razão, mas essa vantagem é tão irrisória que nem vale a pena.
A quarta dica é nunca colocar em “N” com o carro em movimento. Com o carro em movimento, é sempre “D” ou uma de suas marchas para freio motor. É perigoso deixar em “N” em movimento, pois a rotação vai cair para a marcha lenta e o câmbio vai sofrer um tranco quando precisar colocar novamente em “D”.
A quinta dica é sobre o freio motor, que deve ser utilizado de forma correta. Vale dizer que carros com câmbio automático têm pouco freio motor, na prática: em descidas o equipamento vai passar para as marchas mais altas e o carro fica solto, ganhando velocidade. Para não ter que ficar direto com o pé no freio, desgastando de forma prematura as pastilhas, coloque nas posições em que o câmbio segura em marchas menores. Como já disse anteriormente, consulte o manual do carro para entender o funcionamento do freio motor do seu câmbio, já que não existe um padrão para isso.
A sexta dica é seguir rigorosamente o cronograma de manutenção do câmbio, que geralmente exige um simples troca do fluido em grandes intervalos, ou seja, o custo é baixo diante dos benefícios do conforto que esse tipo de câmbio proporciona.
fonte: Carros Uol
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