10 RESPOSTAS SOBRE CÂMBIOS AUTOMÁTICOS, AUTOMATIZADOS E CVT

Saiba quais são as diferenças de funcionamento, desempenho e nível de consumo das transmissões que dispensam o pedal da embreagem

Manopla do câmbio automático do Chevrolet Cruze LT (Foto: Fabio Aro / Autoesporte)

MANOPLA DO CÂMBIO AUTOMÁTICO DO CHEVROLET CRUZE LT (FOTO: FABIO ARO / AUTOESPORTE)

Quais as diferenças entre um carro com câmbio automático, CVT e automatizado?

AUTOMÁTICO: O funcionamento do câmbio automático é mais complexo do que o de um manual. Um conjunto de engrenagens planetárias em uma única peça trabalha junto com o conversor de torque. O conversor acopla o motor à caixa de transmissão (funciona como a embreagem). Como ele desliza mais lentamente do que o acoplamento de uma embreagem, o tempo nas passagens é maior e o consumo também. As caixas automáticas com mais de seis relações estão aí justamente para diminuir a sede e as emissões e aproximar o desempenho dos câmbios manuais. Em ação, o automático costuma ser mais lento que as caixas de dupla embreagem.MAIS SOBRE CÂMBIOS

AUTOMATIZADOS: Nos câmbio automatizados, a embreagem não apenas continua lá no seu lugar como dá sinais da sua permanência. O sistema eletrônico aciona a embreagem e, após analisar parâmetros de sensores de velocidade e rotação, faz trocas automaticamente graças aos atuadores hidráulicos. Esse processo não é tão rápido, por isso alguns trancos são inevitáveis caso a aceleração seja mantida durante as trocas. Além disso, hábitos como segurar o carro no acelerador em subidas como se faz em um automático podem superaquecer a embreagem e travar o câmbio. Porém, os automatizados têm vantagens sobre os automáticos: o preço (chegam a custar a metade) e a capacidade de manter o nível de desempenho e consumo dos manuais tradicionais. 

Câmbio de dupla embreagem Powershift (Foto: Divulgação)

AUTOMATICO DE DUPLA EMBREAGEM: Já nas caixas de dupla embreagem, como o nome deixa claro, são duas embreagens. Elas atuam no lugar do conversor de torque de um automático. Um disco de embreagem maior aciona todas as marchas pares e a marcha à ré, enquanto outro menor é responsável pelas ímpares. Em linhas gerais, enquanto uma marcha está engatada, a próxima já está pré-acionada. Assim, a troca acontece quase que de imediato. Embora a impressão ao dirigir seja mais parecida com o de um automático convencional, a caixa de dupla embreagem é bem mais rápida.  

CVT: A sigla, que significa Continuously Variable Transmission (Transmissão Continuamente Variável) deixa claro que se trata de um bicho completamente diferente. A caixa de variação contínua busca constantemente a relação ideal para cada momento. Ou seja, não há marchas pré-definidas. Por não possuir marchas, o motorista não percebe mudanças. Ou seja, a transmissão sempre está na faixa de aproveitamento máximo do motor, de acordo com a pressão feita no pedal do acelerador. Embora costume utilizar conversor de torque para fazer a ligação da transmissão e do motor, as respostas dos CVTs não são tão rápidas quando no automático. Outro problema é a falta de emoção. 

Para que servem as posições 1-2-3 dos automáticos?

Embora os carros automáticos façam o trabalho sozinho, às vezes você precisa reter uma marcha, seja pela necessidade de freio-motor ou para abordar uma curva menos solto. Um exemplo prático são as longas descidas em estradas íngremes, onde segurar o carro apenas no pedal de freio pode superaquecer a peça. Neste caso, acionar a marcha 1 ou 2 “segura” o carro com a ajuda do freio-motor, e reduz a velocidade da decida sem desgastar os freios. O recurso é pouco explorado por muitos proprietários de carros automáticos.

Nissan Sentra (Foto: Fabio Aro)

Qual é a principal vantagem do CVT em relação aos outros câmbios automáticos?

A principal vantagem dessa transmissão é economizar combustível. No geral, as caixas CVT mais modernas são até 10% mais econômicas que as manuais. O segredo está na variação infinita das relações neste tipo de câmbio, o que otimiza o desempenho do motor independentemente da velocidade exigida pelo acelerador. Através de um sistema de polias de diâmetro variáveis, o câmbio CVT permite que o motor trabalhe sempre em um ponto de funcionamento ideal, reduzindo o consumo de combustível. 

O CVT pode ser considerado o câmbio mais econômico no mercado?

Depende. O conjunto mecânico do veículo influencia muito. Carros com câmbio CVT tendem a ser mais econômicos, mas há um gasto considerável de energia em seu funcionamento, pois dentro dele os autuadores variam os diâmetros das polias. O atrito delas com o sistema de correia também consome potência. Alguns fabricantes até passaram a usar mais os câmbios de dupla embreagem, os novos queridinhos dos ecologistas. Por outro lado, ao permitir que o motor trabalhe em condições ideais, a transmissão continuamente variável sempre ajuda a consumir menos combustível que um automático convencional ou manual. Não por acaso, o CVT é a escolha da maioria dos modelos híbridos.

Existe alguma limitação na aplicação do CVT?

Quando combinadas com motores de alto desempenho, grande parte dessas caixas têm dificuldade de transmitir valores de torque superiores a 35 kgfm, pois a força gera um alto atrito entre a correia e as polias. Em outras palavras, na maioria das vezes, esse tipo de câmbio não é parrudo o bastante para aguentar a força exigida. Do ponto de vista do condutor, alguns motoristas podem achar entediante dirigir carros com câmbio CVT, já que rotação do motor fica estabilizada e não há a sensação da passagem de marchas ou da oscilação do motor. Por isso mesmo, alguns modelos (como o novo Toyota Corolla e o Renault Fluence) simulam um número pré-determinado de marchas. Ainda que seja um recurso virtual, a sensação de trocas cria um elo mais carnal entre motorista e automóvel.

Câmbio do BMW M135I (Foto: Fabio Aro / Autoesporte)

CÂMBIO DO BMW M135I (FOTO: FABIO ARO / AUTOESPORTE)

Ao parar num farol, devo colocar a alavanca do câmbio automático em qual posição?

Nesse caso, o melhor é sempre deixar a alavanca no D (Drive), pois o câmbio automático tem um sistema de lubrificação interna que depende da pressão do óleo. Enquanto a alavanca está engatada no D, a condição da pressão está adequada e o sistema de lubrificação, ativo. Quando você seleciona o N (Neutro) essa pressão cai e a lubrificação diminui, e isso, sim, pode acarretar um desgaste desnecessário do conjunto. A variação constante no nível de lubrificação dos componentes está entre os fatores que podem abreviar a vida útil da transmissão automática. A maioria das caixas possuí o chamado neutral control, que joga automaticamente o câmbio em neutro nessas situações, contendo o ímpeto do automático de ir para a frente e, com isso, economizando combustível.

Por quê carros com câmbio automático não “morrem”?

Os carros automáticos morrem, sim, mas com menos frequência. Iisso acontece quando há um descompasso entre a faixa de rotação do motor e a marcha adequada àquela velocidade. Esses dois sistemas conversam através da embreagem, que é regida pelo pé do motorista nos carros com câmbio manual, portanto estão sujeitos à falha humana. Como as caixas automáticas dispensam essa peça (e a atuação do condutor), a conversa entre motor e câmbio é feita através do conversor de torque e de sensores eletrônicos.Os engates das marchas são feitos em total sincronia com a faixa de rotação do motor, evitando qualquer erro que leve o motor a parar de funcionar.

Câmbio Fiat Uno 2015 (Foto: Fabio Aro)

Dá para diminuir os soluços típicos dos câmbios automatizados?

Há um macete para reduzir os trancos: aliviar o acelerador na hora das passagens ou simplesmente sincronizar esses movimentos com o uso das borboletas no volante. Alguns sistemas como o Easy-R dos Renault Sandero e Logan 1.6 pecam pelos trancos maiores, enquanto a Fiat conseguiu aperfeiçoar o Dualogic Plus a um bom nível no Uno 1.4. Os aperfeiçoamentos se dão pela reprogramação da central que rege as trocas através de atuadores. A principal vantagem do sistema ainda está no preço, que chega a ser metade do cobrado em um automático convencional ou de dupla embreagem.

É possível trocar câmbio manual por automático?

Possível é, mas essa troca é quase inviável financeiramente. A instalação da transmissão automática não se resume apenas à caixa de câmbio: é preciso alterar eixos, freios, suportes, além de toda a parte eletrônica. Além disso, a mudança exige a instalação de um módulo eletrônico de gerenciamento da transmissão. Especialistas afirmam que para realizar toda essa mudança, o consumidor irá gastar quase o mesmo valor de um carro novo.

Qual é o mais caro de se reparar?

Dar férias para o pé esquerdo não precisa ser mais caro. A maioria dos câmbios vai durar a vida inteira do veículo, exigindo apenas manutenção e trocas eventuais de peças e de óleo. Claro que a manutenção será mais cara do que em um manual. O reparo de um câmbio automático simples (de quatro marchas, por exemplo) não costuma sair por menos de R$ 4 mil. Além disso, o proprietário tem que ficar atentos ao prazo de troca do óleo, que costuma ser acompanhada do filtro. Como o arrefecimento depende do radiador, olho nele também.

No geral, todos os outros câmbios são mais caros de se reparar. Os automatizados até têm a vantagem dos custos menores. O platô e disco saem por algo em torno de R$ 350 para um Dualogic. O senão está no atuador de embreagem, cujo preço chega a R$ 1.130, mais do que o dobro do que em um manual. O CVT tem kits que podem ser mais baratos, mas um problema no corpo de válvulas pode custar mais de R$ 5 mil na troca da peça. Por um valor semelhante sai o kit de embreagens do DSG da Volkswagen. Oficinas especializadas costumam oferecer consertos por valores abaixo das trocas completas, o negócio é ficar atento às revisões e trocas de óleo.

Fonte : Autoesporte

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