Transmissão sem pedal de embreagem já é maioria no Brasil (entre os carros novos), mas ainda causa muitas dúvidas no uso e manutenção
Por Cauê Lira
O câmbio automático já é o preferido dos brasileiros. E não tem como negar: o conforto de não ter que passar as marchas é incomparável.
Apesar da popularidade, câmbios automáticos não são simples. Eles podem ser de vários tipos: convencional com conversor de torque e engrenagens planetárias, automatizado, CVT (polias continuamente variáveis) ou de dupla embreagem. E com tantos detalhes técnicos, é fácil ficar confuso e cair em enrascadas sobre a manutenção.
Partindo disso, Autoesporte consultou o especialista Pedro Scopino, professor de mecânica e youtuber, para solucionar as principais dúvidas e boatos sobre câmbio automático.
Quais são os tipos de transmissões automáticas?
O Honda HR-V tem câmbio CVT, enquanto o T-Cross tem um conversor de torque; veja a diferença — Foto: Bruno Guerreiro/Autoesporte
Existem vários tipos de câmbios automáticos no mercado. Os mais comuns são os equipados com conversor de torque, em que as trocas são feitas por um sistema eletrônico com base em uma engrenagem solar e planetárias. “A seleção das marchas é feita de forma autônoma, medindo a rotação do motor”, afirma Scopino.
O problema desse equipamento é o desperdício de energia do motor. No processo de transferência de movimento, uma parte da potência não chega às rodas.
Os câmbios automatizados simples, por sua vez, são totalmente mecânicos, mas têm um comando inteligente para trocar as marchas e acionar a embreagem. “Neste caso, os atuadores são responsáveis por identificar o funcionamento do carro para executar as trocas sem intervenções do motorista”, explica o especialista.
Independentemente do tipo de câmbio, sempre há alguma estratégia mecânica para o acoplamento com o motor. Isso é imprescindível para as diversas situações de funcionamento do carro. Duas são mais óbvias: 1) o carro em movimento e, naturalmente, 2) o carro em movimento e o câmbio parado. Neste caso, é necessário que motor e câmbio estejam separados mecanicamente.
Alguns carros mais caros têm câmbios automatizados de dupla embreagem. Neste caso, uma das embreagens é responsável pelas trocas das marchas pares, enquanto a outra cuida das ímpares. A primeira aplicação de sucesso ocorreu em provas de Endurance, com o Porsche 962.
Câmbios automatizados de dupla embreagem são comuns em esportivos — Foto: Auto Esporte
“A vantagem deste tipo de transmissão é que as trocas são mais rápidas, pois quando uma marcha está ativa, a próxima já está engrenada”, diz Scopino. Não à toa, este é o tipo de transmissão que proporciona o melhor desempenho em esportivos, como o câmbio PDK da Porsche e o DSG de Audi e Volkswagen.
Também não há a perda de energia na conversão do movimento, além de o conjunto todo ser mais leve que o automático convencional com conversor de torque.
Outra transmissão automática comum é a continuamente variável, ou CVT (Continuously Variable Transmission, em inglês). “Neste caso, a transmissão é feita por um sistema de correia de aço”, diz o professor.
Existem vários tipos, como toroidal, fricção ou direct shift – todos consagrados pelas marcas japonesas. Autoesporte já falou de cada um deles e você pode conferir uma matéria bem completa sobre o assunto clicando aqui.
Quais são os problemas mais frequentes nos câmbios automáticos com conversor de torque?
O próprio conversor de torque é uma peça que desgasta nos câmbios automáticos — Foto: Autoesporte
Segundo Scopino, os problemas variam entre os tipos de câmbio. Nos modelos automáticos, o próprio conversor de torque pode apresentar desgaste.
“Isso pode acarretar na perda de potência, por causa das patinadas, e até na elevação do consumo de combustível”, diz o especialista. “Nos casos mais severos, o carro pode nem sair do lugar”.
Câmbios automatizados são problemáticos?
Os câmbios I-Motion (Volkswagen) e Dualogic (Fiat) ficaram marcados por vários problemas — Foto: Auto Esporte
Atualmente, os câmbios automatizados simples deixaram de ser oferecidos no Brasil, mas eles eram bem populares por conta dos antigos sistemas I-Motion da Volkswagen e Dualogic da Fiat.
Esse tipo de tecnologia não deu certo no Brasil, pois recebeu muitas críticas da imprensa e dos consumidores. Os constantes trancos e a falha de leitura das condições de dirigibilidade afastaram os interessados.
Por ser um sistema mais simples, os fabricantes promoveram adaptações para tentar suavizar ao máximo as oscilações na carroceria entre as trocas de marcha, mas o resultado nunca foi satisfatório. Ou seja, acabaram virando “micos” e saíram de linha.
“Os câmbios I-Motion e Dualogic costumam apresentar problemas de desgaste nas eletroválvulas e nas bombas de acionamento. É difícil encontrar essas peças separadas no mercado.”
Por que câmbios automatizados “secos” de dupla embreagem têm má fama no Brasil?
Volkswagen trocou o câmbio de dupla embreagem do Golf por um conversor de torque em 2015 — Foto: Auto Esporte
Quando a Volkswagen lançou a sétima geração do Golf no Brasil, importada da Alemanha, o hatch médio tinha câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas.
Entretanto, as constantes reclamações dos clientes (principalmente sobre superaquecimento, vedação e a manutenção cara) forçaram mudanças no projeto.
O câmbio automatizado de dupla embreagem (DSG) foi substituído por uma caixa automática de seis marchas com trocas sequenciais (cujo nome comercial era Tiptronic) quando o hatch passou a vir do México. Este novo câmbio com conversor de torque também foi oferecido quando o Golf foi produzido em São José dos Pinhais (PR).
Segundo Scopino, os problemas do câmbio DSG do Golf eram raros na Europa. A transmissão se tornou problemática no Brasil por conta das temperaturas mais altas e do trânsito intenso. Há outra hipótese, que se refere a um mau hábito dos motoristas: “segurar” o carro no acelerador em aclives, prática que superaquece a embreagem.
“Esses câmbios secos não são preparados para isso. O anda e pára do trânsito brasileiro causa desgaste prematuro da transmissão”, diz. Como este tipo de transmissão automatizada é mais comum em carros premium, a manutenção é inevitavelmente mais cara, segundo o especialista.
Transmissões CVT garantem conforto, mas são fáceis de consertar?
Sem solavancos, o câmbio CVT é um dos mais confortáveis para rodar na cidade — Foto: Bruno Guerreiro
O câmbio CVT não tem marcha. O que sentimos em carros como Nissan Versa, Toyota Corolla e Honda HR-V são simulações eletrônicas. Seu funcionamento entrega mais uniformidade nas rotações do motor, que, pelo menos teoricamente, sempre gira no regime ideal.
Entretanto, apesar do conforto, este tipo de transmissão não está isento de problemas.
“A temperatura e o trânsito também são inimigos dos CVT no longo prazo”, diz Scopino. “Há desgaste nos tambores e na corrente. Essas peças costumam ser caras nas oficinas. Porém, se o motorista fizer a manutenção preventiva, dificilmente terá problemas com os câmbios CVT”.
Posso “segurar” o carro pelo acelerador em uma subida?
Segurar o carro em uma subida destrói as engrenagens do câmbio automático no longo prazo — Foto: Auto Esporte
Scopino diz que o costume de manter um carro automático parado pelo acelerador, e não pelo freio, causa uma sobrecarga em todo o sistema, seja ele automático, automatizado ou CVT.
“Se o semáforo fechou, pare o carro com o freio. Não fique segurando pelo acelerador, pois isso corrói engrenagens, aumenta a temperatura e gera uma sobrecarga no sistema”, adverte o especialista.
Ao parar no sinal, você não precisa se preocupar em tirar o câmbio da posição D, mas não deve acelerar para manter-se imóvel (quando estiver numa ladeira).
Ao estacionar, posso colocar a alavanca direto no “P”?
Veja o procedimento correto para estacionar um carro automático — Foto: Auto Esporte
O “P” do câmbio automático significa “parking” (estacionamento, em inglês). Um erro comum é parar o carro na vaga, colocar a alavanca direto no “P” e puxar o freio de mão.
“O carro chega a dar um tranco na hora de sair, sobrecarregando o sistema. O ideal é colocar o câmbio no “N” (neutro), acionar o freio de estacionamento, e em seguida colocar a alavanca no parking”, diz Scopino.
Como funciona a manutenção preventiva?
Fique atento ao manual do proprietário — Foto: Auto Esporte
Scopino diz que a melhor forma de economizar com o carro automático é fazer a manutenção preventiva. Ela é indicada por cada fabricante no manual, mas é importante que o proprietário fique atento aos sinais.
No cofre do motor, você pode conferir a vareta de medição do óleo de câmbio para identificar possíveis vazamentos ou queda do nível, em raros casos. A fabricante sugere o período para a troca do óleo no manual do proprietário. Vale dizer que, na maioria dos carros, é muito difícil medir o nível do lubrificante.
Também é importante ficar atento ao funcionamento do câmbio. Uma unidade avariada costuma patinar, demorar para trocar as marchas ou dar trancos involuntários. Se este for o caso, pare na oficina mais próxima para uma revisão de todo o conjunto do câmbio automático.
Fonte: Auto Esporte
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